Quando feridos
nos escudamos
em nós mesmos;
erguemos muralhas,
levantamos barreiras...
enxergamos algozes em todos.
Entrincheirados na solidão
tememos a dor,
que como um ser dantesco
nos assalta a alma,
ressuscitando fantasmas
como harpias infernais.
Cativos de nossas defesas,
sobrevivemos por trás
desse "front" emocional,
sepultos nesse temor
transmutamos escudos
em algemas,
abortando na garganta
o que fala o coração;
calando natimortas
coisas que desaprendemos a dizer,
sonhos que deixamos de sonhar,
desejos que deixamos se perder.
Nos defendemos dos outros,
mas quem nos defende
de nós próprios?
de nossas defesas?..
vemos a vida passar
pelas gretas acanhadas,
e enferrujada armadura.
Esterilizamos as emoções,
amordaçamos os sentimentos,
nos iludimos
nessa virtual fortaleza,
nesse exílio voluntário...
eu,
ainda que
sabedor dessas coisas
não consigo dizer...
não sei te dizer... ...
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