Eleição é coisa séria

Grande parte de nossos políticos não são sérios. Mas, ainda que pareça paradoxal, eleição é coisa séria.

Transformaram a política nacional, num surreal "circo de horrores", que encontra numa frase de Cazuza, a sua mais explícita e fidedigna tradução: "Transformam o país inteiro num puteiro, pois assim se ganha mais dinheiro". É através do voto sério e consciente que o eleitorado pode e precisa resgatar o Brasil do subterrâneo meretrício da politicagem tupiniquim.

Precisamos superar os mitos: da ideologia, do voto útil e dos famigerados "salvadores da pátria". Chega de votar feito gado, guiado por resultados de pesquisas. O único guia do eleitor deve ser a sua consciência. Já tarda a realização de uma profunda assepsia na furna política. Os mais recentes episódios das tragicomédias, urdidas por nossos politiqueiros e seus coadjuvantes, mostram que não existem santos nem demônios. Temos conduzido ao poder, lama do mesmo lodaçal. Até aqui, esquerda e direita vem se mostrando como os dois lados de uma mesma e podre moeda: o fisiologismo político.

A composição de algumas coligações, só ratifica o que bem descreveu Cazuza na frase que citei acima. Não passam de uma grande e promíscua suruba de interesses obscuros. Oportunismo, demagogia e incontáveis malandragens se consorciam para ludibriar o eleitor num estelionato infame. Por outro lado, aventureiros de toda espécie pleiteiam o voto como num bizarro "programa de calouros": exóticos, patéticos, caricatos, inconsequentes, descompromissados, canastrões, canalhas, levianos... Sem qualquer qualificação, consistência ou verdade, outros se valem de alguma popularidade conseguida na mídia para praticar "alpinismo eleitoreiro". Não podemos ainda esquecer, daqueles inescrupulosos que apostam no ardil de usar como bandeira de campanha: religião, etnia, opção sexual, condição social, profissão...

O eleitor virou um catador diante desse vasto lixão, de onde precisa tirar algo de bom. Mais votar bem é possível, não é tão fácil de encontrar, mais ainda existe gente de bem na política e o Brasil é maior que os quadrilheiros que intentam apossar-se do destino da nossa gente. Não esqueça, não brinque, coloque na urna o seu melhor e mais consciente voto. Eleição é coisa séria. Depois não adianta lamentar a insegurança, a deseducação, o desemprego, a falta de saúde pública, a roubalheira... Informe-se, informe, não dê tanta importância ao que dizem os políticos, tome muito cuidado com o que eles tentam esconder. O perigo está naquilo que tentam calar.

Postado aqui em 26 de setembro de 2010.