O título desse texto pode parecer redundante e óbvio. Mas, não falo da morte propriamente dita, do desencarne, do inexorável fenecer do corpo. Trato aqui das mortes vividas no dia-a-dia e que transformam tanta gente em mortos-vivos, zumbis, insepultos penitentes, sentenciados por si mesmos:
Quem faz do ganhar dinheiro a sua razão de viver. Confunde ter e ser, acha que pode comprar tudo e todos, acredita que qualquer meio, serve de atalho justificável para seus fins.
Quem deixa o tempo esvair-se, contemplando o féretro das horas, desperdiçando oportunidades preciosas de assumir o protagonismo do seu próprio destino..
Quem não faz o seu possível ou aquilo que lhe cabe. Compraz-se na lamuria pelo "impossível" e pelo não feito dos outros.
Quem carrega uma língua ferina, contundente e ácido açoite, sempre pronto a vociferar os erros alheios. Contudo, incapaz de mover um músculo sequer para ajudar no acerto.
Quem abortou seus sonhos e entrega-se ao ruminar desilusões. Espalhando ao seu derredor, o falso e frígido "pragmatismo" de quem perdeu a crença na vida.
Quem cristalizou preconceitos, tornando-se cético ou fanático, ingênuo ou malicioso, permissivo ou tirano...
Quem se permite corromper pela ilusão fugaz da fama ou do poder. Abrindo mão do discernimento e da simplicidade, mergulhando no delírio autista do orgulho e da vaidade.
Quem sabe muito e paradoxalmente, sente e pensa pouco.
Quem aguarda inerte as graças divinas ou os favores da sorte, querendo que tragam frutos, a acomodação e a preguiça.
Quem reclama privilégios e nega o auxílio. Quer para si supérfluo e subtrai dos demais o elementar.
Morre quem deixa de viver.
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