Uma questão de aplicação


Jurandir era um especulador voraz. Desses que balançam o Euro e derrubam o Dólar. Se preciso, quebrava a Bolsa para encher o bolso. Financiava campanha de político corrupto, "lavava dinheiro", curtia um caixa 2, 3, 4...... Investia em tudo que rendesse polpudos lucros, fosse licito ou não. Aplicava em tudo que é fundo, mas fugia de quem estava no "fundo do poço". Da mesma forma que, (como diz o povo) "o Diabo foge da cruz".


Se alguém ou alguma instituição apelasse para sua benemerência ou solicitasse um empréstimo fora de uma "agiotagenzinha" básica. A resposta era sempre do tipo: "Lamento, mas não posso mexer em minhas aplicações", "se fosse antes... Mas por enquanto está tudo aplicado no longo prazo", "agora não posso, quando saírem os rendimentos, eu entro em contato" Blábláblá, Blábláblá, Blábláblá...


Mas chegou o dia do "grande investidor" "bater as botas" (botas de couro alemão e designe italiano, mas ele as "bateu") como qualquer pobre mortal. Foi velado com pompa e circunstancia, homenageado por politiqueiros de todos os matizes, empresários, investidores... Até algumas "celebridades" apareceram para encenar a hipocrisia das aparências.


Do outro lado da vida, ele acordou numa misera tapera, onde logo identificou a presença de um (já falecido) companheiro de estripulias financeiras:


- Onde estou? O que você faz aqui? Você já morreu!


- É isso aí meu caro. Essa é a moradia que vou ter que dividir com você. Como eu, és agora uma alma, um espírito errante, e no nosso caso, bota errantes nisso!


- Não, não pode ser! Eu sou rico, eu tenho dinheiro@!!! Eles sabem com quem estão tratando?!


- Eu disse as mesmas coisas quando cheguei. Até que me dei conta da minha real e paupérrima situação.


- Como assim?


- É tudo uma questão de aplicação. Na vida material, apenas aplicamos, investimos em coisas materiais, ignorantes das "aplicações" necessárias e indispensáveis para o além-túmulo. Eu, tanto quanto você agora. Aqui desembarcamos com o saldo zerado no "fundo da vida futura", negativados na previdência, amor e caridade, inscritos na "divida ativa" de causa e efeito, sem qualquer bônus ou direito a restituição no "imposto cármico", devemos (literalmente) "a Deus e o mundo", estamos "mais sujos do que pau de galinheiro"...


- Então tenho que trocar todo o conforto e riqueza por isso? ...


_ pois é... Como dizem na TV: "Aqui o sistema é bruto meu amigo!!!".


12 Comentários

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  1. Pois é meu amigo Antonio, viver é mesmo uma arte, quem aprende e é feliz aqui com certeza "lá" também o será!!!
    A consciência é o guia infalível!
    Abraços
    Ivone

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  2. Olá Antonio...infeliz aquele que se apega aos bens materiais tão somente! Em nenhum enterro vi um caminhão de mudanças transportando os bens do falecido!!
    Abraço, Célia.

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  3. Se "dever a Deus e ao mundo" já é ruím aqui, imagine lá...

    Um abraço, Antonio.

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  4. Olá Antonio,
    Como sempre nos presenteando com textos cheios de sentimentos nobres, verdades profundas e bom humor contagiante.
    Parabéns meu querido pelo talento.
    Grande beijo

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  5. Caro amigo, infelizmente muita gente ainda acredita apenas na força material que pode exercer o dinheiro e o ouro, não encarando a vida como uma passagem de aprendizado e conhecimento profundos do que venha a ser a verdadeira espiritualidade. Muito do que escrevo vem desse sentimento. Obrigada pela visita lá no multiversos. Continue sempre aparecendo pois como já disse, a casa é sua, a casa é nossa... é de quem quiser, quem vier interessado em se alimentar de sonhos e poesias mais do que meras palavras denotativas. Grande beijo.

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  6. Olá estimado António,

    Se a minha poesia tem pormenores, é descritiva, então os seus textos encerram, sempre, uma moralidade.
    O Poder, a Riqueza na terra, a nada conduzem.
    Depois, lá no outro lado, somos todos iguais.

    Boa semana.
    Abraços de luz.

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  7. Olá meu amigo,

    como vão as coisas? tudo bem?
    Adorei a crônica! Investimento passageiro, que não se acumula na evolução de nós mesmos, dá nisso!rsrs...

    Abraços

    Leila

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  8. Fantástica crônica meu querido Antonio.
    Infeliz daquele que só pensa na matéria e relega o espírito.
    Beijos e ótima semana, amigo
    Valéria

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  9. Muitos se preocupam em acumular "materia", bens materiais, e se esquecem do verdadeiro conceito do Cristo, "Amai-vos uns aos outros"... A situação desas pessoas é triste, mas necessária para a evolução do todo.

    Abraços

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  10. Temos na passagem desta vida terrena, inúmeras possibilidades de semearmos o bem ou o mal... Tudo depende das escolhas que fazemos. Se queremos acumular apenas bens e riquezas, infelizmente não teremos tempo para preencher a alma e o coração... E no final, só o que conta é o que plantamos e o quanto plantamos... O plantio é opcional, mas a colheita... Obrigatória! Uma boa reflexão em seu texto! Abração...

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  11. Gostei demais da tua crónica, Antonio, fiquei com os olhos presos do começo ao fim!

    Aprecio o jeito como você escreve, objetivo, sem perder o foco!

    Feliz tarde de terça feira pra vc !

    Bjosss

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  12. Muito bem escrita, mas acima de tudo faz-nos pensar duma maneira muito séria que a vida não acaba aqui, mas sim começa...
    É lá junto a Deus que a nossa conta é movimentada ou para saldo negativo ou para saldo positivo....
    Beijo amigo gostei muito

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