Um grande estúdio cinematográfico, resolveu produzir um filme com temática budista, a partir da história daquele mosteiro. O mais velho de seus monges passou preciosas informações para o autor, auxiliou no roteiro e pediu para opinar sobre as locações. Apesar de um heliponto ficar a poucos minutos do templo, sem maiores explicações, o sacerdote solicitou dos produtores, que no dia marcado para tratar do assunto, a equipe desembarcasse num vilarejo montanha abaixo e subisse a pé.
No dia, a equipe contrariada, teve que encarar uma subida de quase quatro horas. Entre queixas e imprecações mil; conjecturavam sobre a “excentricidade”, “maluquice”, “despropósito” daquilo. Um assistente, que vez por outra, chamava a atenção para essa ou aquela paisagem. Era tratado com cada vez maior impaciência e irritação. Quando o grupo chegou ao santuário, o diretor de fotografia foi logo sacando um portfólio com imagens dos Andes peruanos, de savanas africanas, Alpes suíços, Atacama, Sibéria... Locações por ele imaginadas. O monge ouviu as explanações, os argumentos e quando os homens calaram, falou:
- Vocês não prestaram atenção ao caminho. Viram, mas não enxergaram por onde passaram...
- Como assim?
- Após o almoço eu vou descer com vocês e mostrar o que estou dizendo.
Disfarçando o indisfarçável aborrecimento, algum tempo depois desciam guiados pelo ancião que pontuava trechos do caminho que só agora lhes pareciam feitos especialmente para o filme. “Coincidentemente” os mesmos cenários apontados pelo assistente e anteriormente negligenciados.
Ante pedidos de desculpas e demonstrações de reconhecimento, agradecimento e respeito, o monge arrematou:
- A resposta pode não estar na chegada, mas no caminho até ela. Pode não ser o fim e sim o meio. Costumamos distrair o olhar com condicionamentos e preconceitos que embaçam e por vezes enceguecem nossa percepção. Não é raro, perdermos tempo, procurando alhures, algures, nenhures; aquilo que está aqui, ao alcance de nossos sentidos.
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Maravilha de texto!!!!!
ResponderExcluirUm grande abraço Antonio!!!!
Oi Antonio!
ResponderExcluirLindo demais! Olhamos e não enxergamos!
A contemplação é um exercício que deveríamos praticar sempre!
Tenha um feliz fim de semana.
É sempre assim mesmo, nossa percepção embota-se diante da simplicidade! Fazemos mil e uma conjecturas e, nem sempre percebemos o que nos achega diante de uma simples observação. Inteligência emocional embotada diante do simples, do belo, do bem da vida! Excelente reflexão!
ResponderExcluirAbraço.