Em: “O CORVO E O PAVÃO”. Magnífico conto de Monteiro Lobato, que se diz tratar de releitura de uma fábula de Esopo, convida-nos a refletir. Vejamos:
O pavão, de roda aberta em forma de leque, dizia com desprezo para o corvo:
“Repare como sou belo! Que cauda, hein? Que cores, que maravilhosa plumagem! Sou das aves a mais formosa, a mais perfeita, não?”
“Não há dúvida de que você é um belo bicho”, disse o corvo. “Mas, perfeito? Alto lá!”
“Quem quer criticar-me! Um bicho preto, capenga, desengraçado e, além disso, ave de mau agouro... Que falha você vê em mim, ó tição de penas?”
O corvo respondeu:
“Noto que para abater o orgulho dos pavões a natureza lhe deu um par de patas que, faça-me o favor, envergonharia até a um pobre diabo como eu...”
O pavão, que nunca tinha reparado nos próprios pés, abaixou-se e contemplou-os longamente. E, desapontado, foi andando o seu caminho sem replicar coisa nenhuma.
Tinha razão o corvo: não há beleza sem senão.
***
Pois é. Muitos, como o pavão, vivem a ostentar aparências, virtudes e teres, autocolocando-se no olimpo da perfeição, supondo-se acima dos outros. Entorpecidos por um vão orgulho e uma tola vaidade, ignoram ou recusam-se a perceber seus defeitos.
Tais criaturas, quando devidamente apresentadas à realidade, partem para o desargumento da agressão e do preconceito, tentando desqualificar quem não se faz devoto de sua ilusão:
“Quem quer criticar-me! Um bicho preto, capenga, desengraçado e, além disso, ave de mau agouro... Que falha você vê em mim, ó tição de penas?”
Todos temos virtudes e defeitos. Ter a sabedoria de reconhecer, combater e vencer nossas falhas e a inteligência emocional de não nos embriagarmos com nossos acertos, é a grande e real beleza que aponta o caminho da evolução, do crescimento interior, amadurecimento do ser.
Postado aqui em 06 de fevereiro de 2016.
Que linda postagem, bem assim meu amigo poeta Antonio, há quem diz de pessoas com pés feios "pés de pavão", rsrs, nem tudo é perfeição em beleza.
ResponderExcluirTenho um poema que faz tempo que fiz, está lá, foi para o urubu, pois é, eu vi beleza no bicho, algumas pessoas sentiram asco, mas na vida tudo tem sua razão de ser,amo ver o lado bom e belo de tudo!
Abraços querido amigo!
As pessoas precisam aprender, que quem vive "se achando", na verdade, vive a se perder. Ninguém é perfeito! Todos temos erros e acertos. Humildade nunca é demais.
ExcluirUm abração e uma boa semana.
Olá, Apon, como vai? O texto, de fato, nos ensina muito! Humildade e generosidade precisam fazer parte do ser humano o tempo, ostentação e soberba, a meu ver, são adjetivos de quem é imaturo e vazio. De nada adianta a beleza das penas do pavão, se o interior é feio... assim são as pessoas. Sem falar que todos temos telhado de vidro. Abraços!
ResponderExcluir"imaturo e vazio", resume e caracteriza bem essa epidemia de gente que se sente o derradeiro acarajé do tabuleiro, o último biscoito do pacote. Gente tola, fútil, sem noção. A humildade costuma acompanhar a sabedoria. O resto...
ExcluirUm abração e uma boa semana.
Que maravilha de animal! Amo estas cores!
ResponderExcluirBeijos - Boa noite!