Natureza a ensinar:
Tudo tem um tempo certo.
O homem incerto,
intenta da lição declinar.
Tem tempo de calor e de frio,
florir ou frutar;
abstinência e cio,
arribar ou ficar.
Tempo de enchente ou vazante,
chuva e estio;
cheia ou minguante,
fome ou fastio.
Plantar e colher,
viver e morrer;
tempo de chegar e de partir,
de vir, de ir.
Tempo de crepúsculo e de alvorada,
escassez e fartança,
quietude ou revoada,
falta ou bastança.
Colorir, descolorir,
folhar, desfolhar,
apagar e reluzir,
hibernar, despertar.
Tempo de mudar tudo!
De deixar como está;
germinar e brotar,
verdecer e maturar,
insistir ou desistir,
afrontar ou se entregar.
Assim a translação das estações, rotação dos dias,
fluxo, refluxo,
ciclos, reciclos.
Vida que ensina,
existir que se afirma,
homem que se nega a aceitar.
Sobrevive em casulos estéreis,
em suas florestas de concreto e asfalto;
zumbis débeis,
respirando, dos hidrocarbonetos o flato.
Carcinogênicos conservantes,
acidulantes, espessantes, estabilizantes;
venenosos corantes.
Alimentando a fome da comodidade,
bem nutrida morbidade;
ração de veneno,
que nos torna ao pó.
Artifícios dessa louca pressa;
apressando,
apreçando o tempo,
desapreçando a vida.
Fruta em caixa, legume em lata,
do bebê a papa;
vidro que engarrafa o coco.
Eta povo louco!
Sai parindo lixo,
vai tornando mixo,
o sobreviver aqui.
Natureza morta,
insustentabilidade torta...
Tudo ao tempo e a hora,
sempre pronto para o uso;
o planeta padece do abuso,
vai dar pra desabusar?
Natureza a ensinar:
Tudo tem um tempo certo.
O homem incerto,
teima da lição declinar.
UM POEMA MUITO FORTE, SOCIALMENTE, E MUITO LÚCIDO!
ResponderExcluirO homem está louco e o mundo também, logicamente, porque um influencia o outro. ADOREI!
Beijinho, menino!
Loucura suicida que está matando a natureza, o planeta que nos sustenta e abriga. Retrocesso travestido de progresso, e como canta Caetano Veloso: "... força da grana que ergue e destroi coisas belas, da feia fumaça que sobe, apagando as estrelas..."
ExcluirUm abraço.