Cada um é livre para acreditar. Inclusive no inacreditável.

... A fantasia de um, é mais lúcida do que o delírio coerente do outro; a besteira de esquerda é melhor que a bobagem de direita, a mentira de sicrano, merece mais crédito que a inverdade de beltrano, o demônio dali é menos infernal que o de lá, um santo é mais celestial que outro… Como diz o velho ditado, é “o roto falando do esfarrapado e o sujo do mal lavado”. E enquanto o povo fica nessa discussão de bêbado com maluco...

Antonio Pereira Apon.

Papai Noel, Saci Pererê, duendes, Caipora, gnomos, salvador da pátria e todo o sobrenatural que caiba no imaginário humano, até mesmo promessa de político, cabe no quinhão de crenças e descrenças que cada um tem direito. O problema é que temos vivido tempos estranhos, em que muitos evocam para si o monopólio das certezas irretocáveis.

A fantasia de um, é mais lúcida do que o delírio coerente do outro; a besteira de esquerda é melhor que a bobagem de direita, a mentira de sicrano, merece mais crédito que a inverdade de beltrano, o demônio dali é menos infernal que o de lá, um santo é mais celestial que outro… Como diz o velho ditado, é “o roto falando do esfarrapado e o sujo do mal lavado”. E enquanto o povo fica nessa discussão de bêbado com maluco, na disputa do sem noção. A nação vira a casa de Noca, da Mãe Joana, de Mané, onde cada um faz o que quer; cada aventureiro que chega; pinta, borda, caseia, chuleia, faz zigue-zague; joga pra sua torcida, sob aplausos dos inconscientes e vaias dos incônscios.

Nessa polarização insana, onde ninguém está certo. Mas, errado é sempre o outro. Fica-se rodando feito cachorro atrás do próprio rabo, trocando ofensas nas redes sociais, enquanto políticos de TODAS as ideologias e falta delas, seguem produzindo pizza de factoide, amassando o pão, pro povo comer assistindo, curtindo e compartilhando um infernal circo de horrores.