Eram dois irmãos, um era rico engenheiro, enquanto o outro, um pobre professor do ensino público. O primeiro, arrotava luxo e grandeza, tinha tudo do bom e do melhor que o dinheiro podia comprar; sua fortuna crescia dia a dia, multiplicava-se com suas relações escusas na política e as tantas maracutaias, que sangravam o erário e engordavam sua conta particular, bem como a de sua empreiteira. O segundo seguia honestamente, sobrevivendo do parco salário de docente, humilde, comia o pão que a política amassou. O irmão rico, tinha vergonha do parente pobre; não o adicionava em suas redes sociais, não o convidava para as festas em sua mansão, as férias na casa de praia, na fazenda… E, como diz o povo: “Quanto mais rico, mais ridículo”! O ricaço em nada ajudava o seu mano menos afortunado; o sujeito vivia a chorar miséria: prejuízo em aplicações, a queda da bolsa, a alta do dólar, a crise… Não atendia ligações, ignorava recados, não respondia aos gentis compartilhamentos no aplicativo de mensagens; desprezava, desdenhava, descuidava, não acudia, fazia pouco caso...
Com a marcha inexorável do tempo e a inevitável visita da morte, que iguala ricos e pobres no pó da terra, primeiro foi-se o professor e algum tempo depois, o engenheiro. Do outro lado, o irmão desafortunado no plano terreno, recebeu com alegria e sincera hospitalidade o abastado egoísta, que com sua costumeira empáfia e indisfarçável cara de entojo, pensou consigo mesmo, ao perceber a preciosa morada do irmão: “Se esse pobretão mora tão bem, mal posso esperar para ver o rico palácio para mim reservado”. Qual não foi a sua triste desilusão, quando conduzido por um guia, viu-se diante do casebre que dividiria com outros iguais a ele, na periferia do umbral:
- Que palhaçada é essa?! Eu sou poderoso! Rico, muito rico, riquíssimo!!!
- Você foi rico sim, mas, a riqueza individualista, criminosa e mal utilizada na Terra, é inversamente proporcional aos valores daqui. Tudo aquilo por que você lutou, era de lá e lá ficou. Para aqui, só vem a riqueza das virtudes bem vividas, o bem feito; aqui, cada lágrima resignada vale como crédito e cada sorriso fútil, representa débito. A avareza, o orgulho e a vaidade; o desprezo, a negligência e a omissão cumulam ônus, enquanto o altruísmo e a abnegação, a fraternidade e a solidariedade, a caridade sincera, multiplicam-se em bônus. Ainda se dê por satisfeito por encontrar esse recanto, é uma deferência aos inúmeros pedidos do seu irmão. Aqui, sua conta não está nem no vermelho, já está no roxo! Como se diz lá entre os encarnados: “você “está mais sujo do que pau de galinheiro”
- Então, eu quero morar com meu irmão...
- Se dependesse dele, apesar de tudo, terias bom abrigo. Contudo, a lei de causa e efeito não transige, é “cada um segundo as suas obras”; “a semeadura é livre, mas, a colheita obrigatória”.
- Eu ajudei tanta gente…
- Ajudou quem podia te ajudar, fazia por quem podia fazer por você, sempre tinha uma segunda intenção, um esquema por trás… Caridade de verdade, jamais! Lembra, quando seu irmão ficou meses sem receber salário, doente e sem ter como comprar comida e remédios? Ele te ligou pedindo um socorro; você negou a ajuda e depois de bater o telefone aborrecido. Lembra o que você disse?
Após breve silêncio, da consciência daquele homem, pareceu ecoar pelo infinito e poder ser ouvida por todos, a infeliz imprecação que agora lhe pesava como uma sentença: “Foda-se!!!”
O orgulho e a humildade (V)
ResponderExcluirHomens, por que vos queixais das calamidades que vós mesmos amontoastes sobre as vossas cabeças? Desprezastes a santa e divina moral do Cristo; não vos espanteis, pois, de que a taça da iniquidade haja transbordado de todos os lados.
Generaliza-se o mal-estar. A quem inculpar, senão a vós que incessantemente procurais esmagar-vos uns aos outros? Não podeis ser felizes, sem mútua benevolência; mas, como pode a benevolência coexistir com o orgulho? O orgulho, eis a fonte de todos os vossos males. Aplicai-vos, portanto, em destruí-lo, se não lhe quiserdes perpetuar as funestas conseqüências. Um único meio se vos oferece para isso, mas infalível: tomardes para regra invariável do vosso proceder a lei do Cristo, lei que tendes repelido ou falseado em sua interpretação.
Por que haveis de ter em maior estima o que brilha e encanta os olhos, do que o que toca o coração? Por que fazeis do vício na opulência objeto das vossas adulações, ao passo que desdenhais do verdadeiro mérito na obscuridade? Apresente-se em qualquer parte um rico debochado, perdido de corpo e alma, e todas as portas se lhe abrem, todas as atenções são para ele, enquanto ao homem de bem, que vive do seu trabalho, mal se dignam todos de saudá-lo com ar de proteção. Quando a consideração dispensada aos outros se mede pelo ouro que possuem ou pelo nome de que usam, que interesse podem eles ter em se corrigirem de seus defeitos?
Dar-se-ia o inverso, se a opinião geral fustigasse o vicio dourado, tanto quanto o vicio em andrajos; mas, o orgulho se mostra indulgente para com tudo o que o lisonjeia. Século de cupidez e de dinheiro, dizeis. Sem dúvida; mas por que deixastes que as necessidades materiais sobrepujassem o bom senso e a razão? Por que há de cada um querer elevar-se acima de seu irmão? Desse fato sofre hoje a sociedade as conseqüências.
Não esqueçais que tal estado de coisas é sempre sinal certo de decadência moral. Quando o orgulho chega ao extremo, tem-se um indício de queda próxima, porquanto Deus nunca deixa de castigar os soberbos. Se por vezes consente que eles subam, é para lhes dar tempo a reflexão e a que se emendem, sob os golpes que de quando em quando lhes desfere no orgulho para os advertir. Mas, em lugar de se humilharem, eles se revoltam. Então, cheia a medida, Deus os abate completamente e tanto mais horrível lhes é a queda, quanto mais alto hajam subido.
Pobre raça humana, cujo egoísmo corrompeu todas as sendas, toma novamente coragem, apesar de tudo. Em sua misericórdia infinita, Deus te envia poderoso remédio para os teus males, um inesperado socorro à tua miséria. Abre os olhos à luz: aqui estão as almas dos que já não vivem na Terra e que te vêm chamar ao cumprimento dos deveres reais. Eles te dirão, com a autoridade da experiência, quanto as vaidades e as grandezas da vossa passageira existência são mesquinhas a par da eternidade. Dir-te-ão que, lá, o maior é aquele que haja sido o mais humilde entre os pequenos deste mundo; que aquele que mais amou os seus irmãos será também o mais amado no céu; que os poderosos da Terra, se abusaram da sua autoridade, ver-se-ão reduzidos a obedecer aos seus servos; que, finalmente, a humildade e a caridade, irmãs que andam sempre de mãos dadas, são os meios mais eficazes de se obter graça diante do Eterno. — Adolfo, bispo de Argel. (Marmande, 1862.)
(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. VII, item 12.)
Triste história e a empáfia, ostentação nunca fazem o melhor caminho...E tantos nelas insistem! abraços, linda semana! chica
ResponderExcluirTriste gente que, de tanto se achar, só se perde. Fora do amor ao próximo não há salvação.
ExcluirUm abraço. Tudo de bom.
A ARTE DA VIDA. APON HP 💗 Textos para sentir e pensar.
Uma história que deixa uma série de ensinamentos, amei!
ResponderExcluirBeijos e feliz carnaval!
A vida é um compêndio de lições para se aprender, ou não. Tem gente que prefere fazer de conta que não tem nada com as aflições dos outros; egoístas e egocêntricas, agendam suas desilusões futuras.
ExcluirUm abraço. Tudo de bom.
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Boa tarde de alegria interior, amigo Antonio!
ResponderExcluirSem compaixão não vamos a um bom termos.
Somos uma teia fraternal e um fio solto faz diferença na força do belo grupo humanitário.
Muito boa sua explanação.
Tenha dias abençoados e muito felizes!
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem
Sem nos importarmos com o próximo, negamos nossa humanidade e qualquer possibilidade de ligação com o mais alto. Viramos sim "fios soltos", inúteis.
ExcluirUm abraço. Tudo de bom.
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Muito bom esse texto, muitos não pensam que são finitos, um dia tudo acaba e na hora em que menos se espera. A força do dinheiro é grande, tanto quanto burrice e soberba.
ResponderExcluirBeijo, uma boa semana.
A ilusão endinheirada, faz com que muitos se percam de tanto se acharem.
ExcluirUm abraço. Tudo de bom.
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Meu caro escritor muito bem colocada sua versão aplicada a cada um que caminha em busca da porta eterna: viver em fraternidade e vê em cada criatura a face do Senhor, todos somos filhos seus! Entretanto uns têm consciência disso outros não... o irmão pobre continuou tendo compaixão , era um homem virtuoso, o outro, o rico manipulador sempre o mesmo ..esse é o fim . Excelente!
ResponderExcluirA riqueza das virtudes e do bem fazer, são eternas e ninguém tira da criatura. Já o dinheiro e suas ilusões, são efêmeros e transitórios, não acompanham o sujeito para além da vida que passa.
ExcluirUm abraço. Tudo de bom.
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Belo texto António, repleto de partilha da amizade, e de ensinamentos da virtude de sabermos viver em harmonia na sociedade
ResponderExcluiré verdade que muitos não se lembram que o tempo nos é contado, que não vale a pena aumentar a infelicidade dos outros
pelos caminhos da desigualdade e da injustiça
abracinho e votos de boa semana
Angela
Na vida, é preciso ser "um por todos e todos por um", senão, só se agenda desilusões. O ser é eterno; o ter, passageiro, fugaz.
ExcluirUm abraço. Tudo de bom.
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Gostei de ler, António.
ResponderExcluircomo ma lição bastante edificante...
Poupando os olhos, por ordem médica.
Abraço, amigo.
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Quem não aprende por bem, aprende por mal. Mas, um dia aprende.
ExcluirMelhoras...
Um abraço. Tudo de bom.
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Amigo Antonio, só o amor pode mudar tudo!
ResponderExcluirQue pena que há casos assim, mas acredito, apesar de tudo o que se vê, que o ser humano nasceu com algo bom e que sempre há muito mais pessoas boas e solidárias do que más e egoístas, pois em estudos científicos já comprovaram isso!
Sempre torço para ver melhoras nos relacionamentos humanos e vemos, com tantas tragédias se vê muito mais pessoas boas e solidárias!
Abraços apertados!
O bom e o bem avançam mais e mais, mas, aqueles que teimam no mal, colhem os frutos do que plantam. Ainda bem que muitos já se libertaram das cadeias de tanta ignorância existencial.
ExcluirUm abraço. Tudo de bom.
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Bom dia caro amigo Antonio,
ResponderExcluirÉ lamentável aprender pela dor, esses abastados de peito inflado, nariz empinado que se imaginam poderosos e movidos a egoísmo, que ignoram a carência do irmão carnal e dos demais, são ovelhas fora do rebanho e são dignas de dó, pois o tempo é impiedoso e cobra caro, Deus é justo e não castiga seus filhos, cada um que cuide de lapidar o lado espiritual, pois as amarras são fortes. Um texto edificante e grandioso.
Tenha um feliz domingo. Se cuide como deve se cuidar.
Abração.
Um texto
Esse vírus está mostrando que estamos todos juntos e misturados no mesmo barco, ricos e pobres, são rótulos que a ilusão imprime na inconsciência dos que colocam o ter acima do ser.
ExcluirUm abraço. Tudo de bom.
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