Violeta, a vendedora de flores

... não quero saber de esmolas dos outros. Quero que o Senhor intervenha diretamente em minha vida, derrame sua graça, realize um milagre… Me dá um sinal Senhor! Me dá uma resposta! Mostra-me que não estou só, que sua ajuda não me faltará, de onde virá o seu socorro...

Antonio Pereira Apon.

Violeta perambulava pelo centro da cidade vendendo suas flores: na saída do teatro, na entrada do café, na porta da igreja, aos casais de namorados… Ano após ano, a moça vivaz e comunicativa, se tornara conhecida e bem-quista por quase toda gente da região. Contudo, ultimamente andava cabisbaixa, preocupada com as vendas que iam minguando dia a dia, causando-lhe já grandes privações. Certa manhã, num momento em que estava entregue a uma triste introspecção, a moça foi abordada por uma senhora distinta, sua conhecida:

- Violeta, minha flor. Não repare não, mas, como você sabe, nós temos um grupo de senhoras que se reúne semanalmente aqui na praça e, na medida do possível, procuramos ajudar pessoas que necessitam. Não estamos ligadas a nenhuma religião, política e nenhum outro interesse, senão o de fazer o bem ao próximo.

- Sim, sei… As senhoras querem alguma ajuda?

- Na verdade, se você aceitar. Gostaríamos de te ajudar.

- Como assim?!

- Você é muito querida por todas nós. Notamos que a sua cestinha de flores está desgastada, descascando e opaca. Além disso, seu vestido está um tanto desbotado, o tecido puído… Queremos te oferecer uma cesta e um vestido novinhos, aceite nosso presente, acreditamos que isso pode contribuir para a melhoria de suas vendas…

- Fico muito agradecida, mas, não precisam se incomodar comigo, estou bem assim...

A mocinha foi saindo, mal disfarçando a contrariedade, deixando encabulada a bondosa senhora. Naquela noite a oração de Violeta, revelava um misto de sentimentos controversos:

- Senhor Deus, não quero saber de esmolas dos outros. Quero que o Senhor intervenha diretamente em minha vida, derrame sua graça, realize um milagre… Me dá um sinal Senhor! Me dá uma resposta! Mostra-me que não estou só, que sua ajuda não me faltará, de onde virá o seu socorro.

Nesse instante, pela janela aberta, um repentino sopro de vento, virou as páginas da Bíblia aberta na cabeceira de sua cama e a jovem pode ler:

“Se alguém tiver recursos materiais e, vendo seu irmão em necessidade, não se compadecer dele, como pode permanecer nele o amor de Deus?”

1 João 3:17.

Uma outra rajada de vento e:

“A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda.”

Provérbios 16:18.