... Incapazes de se colocar no lugar dos outros, tratam com gelidez os números frios que escondem nomes e sobrenomes, com amigos, vizinhos, parentes, serviços prestados, uma biografia… Desumanizados, desdenham indiferentes da vicissitude que: “não é minha”, “e daí”?! “E eu com isso”? ...
O anonimato dos índices e estatísticas, entorpecem, num distanciamento ilusório e indiferente. Até que, as catástrofes, dores, perigos, devastações, desgraças… Se avizinham, atingem conhecidos, parentes, amigos… Senão, segue-se fazendo cara de paisagem. Sobretudo, aqueles, deveras atidos em seus usos e frutos, cujo egoísmo, não permite alçar órbitas superiores além do entorno do próprio umbigo. Vão concordando, assentindo, pactuando, participando, sendo coniventes com quem e o que vai prejudicar, “apenas os outros”.
Incapazes de se colocar no lugar de outrem, tratam com gelidez os números frios que escondem nomes e sobrenomes, com amigos, vizinhos, parentes, serviços prestados, uma biografia… Desumanizados, desdenham indiferentes da vicissitude que: “não é minha”, “e daí”?! “E eu com isso”? ...
A fábula, As árvores e o machado, de Esopo, nos convida a pensar e agir com empatia, até mesmo para nossa própria proteção:
Um homem foi à floresta e pediu às árvores, para que estas lhe doassem um cabo para o seu machado novo.
O conselho das árvores então concorda com o seu pedido, e lhe ofertam uma jovem árvore para este fim.
E logo que o homem coloca o novo cabo no machado, começa furiosamente a usá-lo, e em pouco tempo, já havia derrubado com seus potentes golpes, as maiores e mais nobres árvores daquela floresta.
Um velho Carvalho, observando a destruição à sua volta, comenta desolado com um Cedro seu vizinho:
O primeiro passo significou a perdição de todas nós. Se tivéssemos respeitado os direitos daquela jovem árvore, também teríamos preservado os nossos, e poderíamos ficar de pé ainda por muitos anos.
Na mesma linha da necessária empatia e tomada de atitude, fugindo do descaso inconsequente e da acomodação negligente, que em algum instante, fatalmente nos alcançará, vem esse escrito atribuído ao pastor luterano Martin Niemöller:
Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu. Como não sou judeu, não me incomodei. No dia seguinte vieram e levaram meu outro vizinho que era comunista. Como não sou comunista, não me incomodei. No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico. Como não sou católico, não me incomodei. No quarto dia, vieram e me levaram; já não havia mais ninguém para reclamar.
É bem como nesse fragmento do poema de Eduardo Alves da Costa (equivocadamente atribuído ao poeta russo Vladimir Maiakóvski):
…
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem;
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada...
Eis o tributo pago por se aceitar o inaceitável que “só acontece com os outros”. Despertemos para a realidade de que, nenhuma vida é tão somente um número nem é desimportante. Ao menos, para quem não perdeu sua humanidade.
Como sempre uma publicação com as suas sabedorias...Muito bom!
ResponderExcluir-
Vagueio na abstinência ...
Beijos e uma excelente semana :)
Todas as pessoas são importantes e merecem ser tratadas como gente, não coisas nem números.
Excluirhttps://www.youtube.com/watch?v=pE_4m5_Da1o
Um abraço. Tudo de bom.
A ARTE DA VIDA. APON HP 💗 Textos para sentir e pensar.
Publicação elogiável. Gostei muito de ver e ler.
ResponderExcluir.
Uma semana feliz
Cuide-se
Vivendo e aprendendo. Cada um é elo da corrente humana, que precisamos fortalecer.
ExcluirUm abraço. Tudo de bom.
A ARTE DA VIDA. APON HP 💗 Textos para sentir e pensar.
Defendeu muito bem a necessidade de intervenção cívica, com excelentes exemplos.
ResponderExcluirGrata pela interessante leitura.
Abraço, António.
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Não fazer nada e se omitir, é convidar a imposição e o arbítrio a fazerem graça.
ExcluirUm abraço. Tudo de bom.
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