Não é preciso...

Não é preciso a guerra e o ódio,
o rancor e o tédio;
faltar remédio pra remediar a dor.
Não é preciso precisar sofrer,
para aprender:
a vida é o meio para que a morte não seja fim.
Não é preciso a aquarela desaguar a cor,
desbotar a flor,
descolorir.
Não é preciso seguir na contramão,
pandêmica imprecisão,
tanta burrice assim.
Não é preciso a mentira e a farsa,
o desdém, pirraça;
empatia, sim!
Não é preciso tanto fingimento,
semear lamento,
colher desilusão.
Não é preciso o talvez ou não,
tanto senão,
se não souber pra que.
Não é preciso inventar certeza,
se a incerteza pode ter razão.
Não é preciso apostar no luxo,
se o que sobeja é lixo;
sobra, monturo, lixão.
Não é preciso aceitar a sina,
o destino assina nossa decisão.
Não é preciso tropeçar na pressa,
tudo que apressa, carece desapressar.
Não é preciso improvisar a crença,
a fé e a ciência, precisam se encontrar.
Não é preciso preencher hiatos,
disparar boatos,
parindo fake news.
Não, não é preciso!
Preciso de necessidade,
preciso de exatidão;
que importa?!
Preciso é distinguir o que não é preciso.