
Na dicotomia entre "coisa de adulto" e "coisa de criança", vamos trancando, maltratando nossa criança interior. Para não nos sentirmos infantilizados, assumimos a postura infantil de abrir mão da ludicidade, da simplicidade, espontaneidade e outras tantas coisinhas que trazem felicidade, bem-estar, leveza, suavidade para o viver. Depois: entristecidos, deprimidos, ensimesmados... Negamos o menino, a menina que tenta sobreviver dentro de cada um de nós. Apercebidos que felicidade é bem, "coisa de criança"; da nossa criança que quer brincar, viver.
Um menino empinando o tempo,
pipa, rabiola bailando no ar;
seu brinquedo que galopa o vento.
Outro traz um colorido catavento,
aquele, solta matizadas bolhas de sabão,
fantasia a flutuar.
Meninos, meninas no balanço,
cirandas, cantilenas, o pião a cirandar;
picula, esconde-esconde, baleô, amarelinha...
Coisa de criança a recrear.
Tudo é riso e num riso,tudo passa,
feliz a vida abraça,
quem vive da infância o brincar.
Mas, um dia essa gente cresce,
tranca o riso e se esquece,
desaprende a brincadejar,
prende sua criança traquina,
se doutrina a encarrancar;
cai na ciranda da rotina
e no carrossel da pressa,
se apreça a resmungar.
Fica triste, mas insiste;
abre mão da linha que empinava o tempo,
abdica do lúdico catavento,
desiste dos sonhos como das bolhas de sabão,
desaprende a cantar, cirandar, girar o pião;
não brinca, não transige
e já não vive.
Apenas finge;
Interpreta o seu adulto papel.
O resto?
É coisa de criança.
Olá, querido Tonico!
ResponderExcluirQue poema maravilhoso e tão realista!
Nós esquecemos o tempo em que fomos crianças e em que tudo fazíamos com naturalidade e ingenuidade. Não deveria ser assim, mas infelizmente arranjamos problemas que se fôssemos crianças resolveríamos num abrir e fechar de olhos.
Trancar o riso e sorriso, jamais. Continuemos crianças, interiormente, já que com o tempo crescemos e nos tornamos adultos, que muitas vezes desaprendem de sonhar e de "brincar".
Beijos e bom final de semana.
Desaprendemos e nos perdemos da poesia da vida e para não parecermos infantis, nos travestimos de adultos, ostentando patéticas e infantilizadas máscaras que sonegam felicidade, suavidade e beleza ao viver.
ExcluirUm fim de semana com todo o bem possível e uma semana a contento.
Um grande abraço.
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Tens razão, Tonico.
ExcluirPor que desaprendemos nós a beleza da vida, a ingenuidade e a própria poesia que nosso existir tem?
Rimos sem vontade, somos exageradamente gentis, mesmo quando não nos apetece ser, enfim, máscaras todos os dias, mas não pelo vírus. É uma tristeza.
Beijos e tudo de bom.
A imagem do post é bem linda e infantil. Aqui, em Portugal se chama ventarola, porque roda com o vento. E aí?
ExcluirQue saudades!
Beijos e dias felizes.
As convenções da idade adulta, antropofágicas, vão nos devorando a infância, nos tornando artificiais e artificiosos. Infelizmente é assim.
ExcluirA ventarola daí, aqui, se chama cata-vento.
Um abraço. Tudo de bom.
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