A cruz do Cristo ou o Cristo da cruz?

A amorosa cruz do Cristo é o grande convite ao infinito bem. O dolorido Cristo da cruz é um brado de alerta contra todos os males. Sigamos a carregar a cruz do Cristo, aprendendo com o Cristo da cruz.

A cruz do Cristo é o símbolo inequívoco da vitória do espírito sobre a matéria, da vida ante a morte; inegável ícone da resiliência e da fé, da esperança e do amor. Ressurgido das sombras do túmulo, o Mestre resplandece, testificando o Deus de amor, que, substituindo o obsoleto “Senhor dos Exércitos, exorta a humanidade para um tempo novo, de tolerância e paz. A Cruz de Jesus nos remete ao redentor, o Salvador que rompendo as grilhetas da obscuridade ignorante, esclarece as mentes, aclara os corações, norteando para um futuro de transformações, do despir o homem velho para, enfim, vestir o homem novo.”

O Cristo da cruz é o mais loquaz testemunho do consórcio espúrio da religião que conspira, com a política que lava as mãos no vale-tudo por poder e dinheiro. Hoje, como ontem; a desonestidade e a hipocrisia, o egoísmo e a truculência, a ladroagem e a imoralidade... Neofariseus e repaginados Pilatos, trevosos fantasmas reaparecem vomitados das catacumbas para replicar o mal. Certamente, se o Divino Amigo, estivesse hoje encarnado entre nós, seria novamente assassinado numa reedição moderna do Gólgota, pois se afiguraria uma pedra no sapato dos que mercadejam o sagrado para garantirem seus teres e haveres mundanos no promíscuo e leviano “nós contra eles” promovido por religiosos e políticos venais. Fazem-se de desentendidos ao: “Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”, “Meu reino não é desse mundo”...

Como a turba de outrora, que, manipulada pela malta criminosa de então, escolheu sentenciar Jesus; muitos hoje se permitem arrastar por discursos odientos, travestidos de falseada religiosidade, usando e abusando de mentiras, eufemismos e meias verdades, num doloso golpismo contra o cristianismo que, hoje tentam solapar por dentro, já que os externos facínoras do passado, foram derrotados pela ressurreição.

A amorosa cruz do Cristo é o grande convite ao bem, à paz, concórdia, solidariedade, fraternidade, tolerância, respeito, humanidade… O dolorido Cristo da cruz é um brado de alerta contra o mal, o preconceito, racismo, misoginia, intolerância, politicagem, mentira, infâmia, hipocrisia, falsidade…

Que nos deixemos iluminar pela cruz do Cristo, sem esquecermos que o sofrido Cristo da cruz, é o retrato de quão baixo podem descer criaturas mesquinhas e apequenadas para consolidarem suas ambições delituosas. Como asseverou Jesus: “Haverão falsos Cristos e falsos profetas”, “Esse povo me honra de lábios, mas mantêm longe de mim o coração”.

Lembremos de Saulo de Tarso, o terrível fariseu, que se converteu em Paulo, o grande divulgador do cristianismo ante o Cristo ressurgido da cruz. E perante as ladainhas e vociferações dos estelionatários da fé, não esqueçamos do que disse o Apóstolo da gentilidade: “Tudo posso, mas nem tudo me convêm”, “A letra mata, o espírito vivifica”.

Jesus, o de verdade, conosco ontem, hoje e sempre. Paz e luz.