O sem-fim que se escreve aqui: viver primaveras, aproveitar verões, aprender outonos, atravessar invernos; compreender a dádiva dos cabelos enevados.
A vida,
só eneva os cabelos
de quem viveu muitas primaveras,
aproveitou cada verão;
com os outonos,
aprendeu a atravessar todos os invernos para até depois daqui.
Viver é assim:
vamos semeando livremente nossos quereres,
mas, compulsoriamente,
colhemos a precisão de nossas necessidades.
Nós,
seres espirituais,
vivendo essa viagem material,
onde tudo passa.
E como a senhora gosta de dizer:
“
Só não passa uva passa”.
As lágrimas que orvalham esses versos,
são gotas de emoção,
pingos de um bem querer,
aninho do coração;
uma oração.
Como disse Jesus:
“
O espírito quer, mas a carne é fraca”.
Rende tributo ao tempo,
sede à fadiga,
se aclimata ao cansaço;
A memória falha, já não é a mesma;
os passos num novo compasso,
já não se afobam na pressa dos dias;
nossa maravilhosa máquina física,
já reclama maiores cuidados,
reparos,
manutenção...
Mas na alma vivaz,
indeléveis lembranças
brincam qual crianças,
cirandando na roda do infinito.
Bonito,
saber do sem-fim que se escreve aqui:
vivendo primaveras,
aproveitando verões,
aprendendo outonos,
atravessando invernos;
compreendendo a dádiva dos cabelos enevados.