Monólogo da acomodação

Querer cansa! Meu dom é descansar. Viver ao sabor do vento, descompromissada, ter tempo pra tempo perder; suspiro por uma panaceia, que venha de mim me curar.

A imagem mostra um galho fino com folhas pequenas e coloridas, predominantemente em tons de amarelo e laranja, indicando que pode ser outono. O fundo está desfocado, com cores que variam entre azul e verde, criando um efeito bokeh, que são aqueles pontos de luz desfocados. A iluminação é suave, dando um aspecto tranquilo e natural à cena. - Se você conhece o autor desta imagem, por favor nos informe para que possamos atribuir-lhe os devidos créditos. Obrigado.

Pensei que queria um real querer,
mas na verdade,
querer eu não queria;
querer incomoda,
desacomoda,
e eu sou a acomodação.
Querer cansa!
Meu dom é descansar.
Viver ao sabor do vento,
descompromissada,
ter tempo pra tempo gastar.
Depressiva e ansiosa,
ciosa dos meus defeitos de estimação;
fujo nalguma crença,
finjo numa fantasia;
terceirizo na espera,
deliro esperançar,
suspiro por uma panaceia,
que venha de mim me curar.
Entre o posso e o poço,
no fundo,
prefiro me aclimatar.
Querer implica e complica,
quem sou eu pra descomplicar?
Qualquer coisa é alguma coisa,
qualquer contentamento me contenta.
Morre meu querer nessa querência,
acomodada minha essência,
consciente da minha inconsciente acomodação,
meu remédio é remediar,
ruminar meu daninho desquerer.

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