É, ia fazer

Definitivamente, não estava nos planos. O importante ficou, o essencial, quieta a tão apreçada pressa, o insubstituível… Sobrou o não vivido, restaram histórias, o tanto que se perdeu.

Silhueta de uma pessoa em preto, de corpo inteiro, sobre um fundo gradiente que vai do cinza claro ao cinza escuro. Dentro da silhueta, há um recorte no formato de um perfil de rosto humano, revelando uma estrada que se estende até o horizonte sob um céu azul claro. A estrada é reta e está cercada por uma paisagem árida com vegetação esparsa. - Se você conhece o autor desta imagem, por favor nos informe para que possamos atribuir-lhe os devidos créditos. Obrigado.

Quando desse ou pudesse,
quando tivesse um tempo,
pintasse uma folga;
quando fosse a hora;
algum dia,
um dia desses,
nalguma hora.
Ia fazer isso, aquilo e um tanto mais;
Planejou, projetou,
rascunhou, arquitetou…
Mas…
Postergou, procrastinou,
empurrou com a barriga,
adiou, deixou pra depois,
delongou, retardou, prorrogou…
Mas ia fazer!
É, ia fazer…
Porém:
Não deu nem pôde,
não teve aquele tempo,
a folga não pintou;
nada da hora almejada;
o ansiado dia,
o momento certo,
o estimado instante.
Morreu sem aviso.
O que, definitivamente;
não estava nos planos do que ia fazer.
Por fim:
O importante ficou na espera,
o essencial não aconteceu,
a tão apreçada pressa aquietou,
o insubstituível…
Ficou o que se não viveu,
restaram histórias inescritas,
o tanto a ganhar, que contudo;
se perdeu.